“Toda a Escritura é divinamente
inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para
instruir em justiça;”
2 Timóteo 3:16
OS
BONZINHOS
Ficha pessoal
Nome: Urias
Profissão: Militar
Filiação: Desconhecida
Nacionalidade: Hitita (uma das tribos originais de Canaã). Israelita por
“naturalização”
Geração: Davi
Versículos que contam sua história:
aproximadamente 30
Exemplo: Positivo
Contexto: Davi era um rei obrigado a vencer diversas guerras para a
expansão do território israelita. Precisava de bons soldados, que fossem de
confiança. Um deles era Urias. Certa vez, Davi decidiu não ir a guerra, e no
ócio causado por isso, acabou adulterando com uma mulher que ele sabia que era
esposa de Urias. Agravando a situação e expondo o pecado, Bate-Seba, a esposa,
engravida dessa relação. Um dilema para todos.
Moral básica: Do
que vale ser “bonzinho”? Havia uma comunidade no Orkut que falava o que
acontecia com toda pessoa que tentava ser “boazinha” (impossível aqui
transcrever, mas não era bom...). Talvez você tenha ouvido isso muito na sua
vida. Pior, talvez você tenha comprovado isso na sua experiência e na vida das
pessoas ao redor: “Ser (ou tentar ser) legal, honesto, educado, ‘bom’ ainda vai
(ou só vai) te prejudicar”. Urias não fez nada de errado, era o bonzinho da
história, o que, na Terra, pode não ser valorizado. Mas aos olhos de Deus, nós,
que não somos mais desse mundo, teremos recompensa justa.
Antes
de começar eu quero deixar bem claro uma coisa assustadora. Nessa história de
pecado só morrem duas pessoas: o marido traído e o bebê inocente.
O
casal adúltero, o comandante militar conivente com assassinato, os colegas
soldados omissos, o mensageiro mandado para mentir, ou seja, todo o resto da
história ficou bem. Houve até um casamento novo, e muitas vitórias militares subsequentes, a despeito da morte de um dos 37 principais guerreiros do Rei
Davi (II Samuel 23:39).
Esse
é o maior legado de Urias na história bíblica. Um homem que morreu em sua
inocência, em sua boa índole. Nascido de uma nação Cananéia, em algum momento
ele ou seus antepassados adotaram o povo de Israel como seu país. E Urias
alcançou grandes honrarias militares, a ponto de ser considerado um dos
valentes de Davi. Tudo indica que ele já o conhecia pessoalmente antes do
entrelace entre sua esposa e o rei, tamanho era sua patente no exército.
Falando
nesse “entrevero malicioso” entre Davi e Bate-seba, a confusão estava armada ao
que se mencionou gravidez. Com Urias a muito tempo fora de casa, só uma traição
justificaria esse bebê. Davi sabia que ia sobrar para ele, e tratou de chamar
Urias para casa. Fez-se de amigo, e proporcionou-lhe uma licença prêmio dos
serviços de guerra. Ele queria que Urias deitasse com sua mulher, e nove meses
depois o bebê seria dele. Mas Urias era um homem íntegro, que não se via no
direito de receber essa recompensa sem motivo, enquanto seus companheiros
sofriam privações no campo de batalha. Até mesmo após Davi embebedá-lo, se
recusou a gozar esses benefícios.
O
plano de Davi falhou. Ele se sente completamente acuado. O plano B é um pouco
mais cruel. Urias é novamente enganado, e inocentemente carrega sua própria
certidão de óbito para o comandante, aquele homem no qual ele pensou
solidariamente quando se recusou a ir para casa. Agora esse homem, e os
companheiros de Urias, armam o esquema proposto pelo rei para matá-lo. E a vida
de Urias acaba, traído pela esposa, pelo rei, pelo comandante, e pelos seus
amigos.
Que
belo estímulo para se tornar “bonzinho”, não? Será que o Orkut estava certo?
Dependendo do ponto de vista, sim. Eis aqui o mundo onde vivemos, regido pelo
seu príncipe, Satanás (João 16:11). Aqui o honesto pode ser o pobre, e o
corrupto rico. O cara legal pode ser o zoado, e o superficial adorado. O gentil
preterido, e o “reclamão” privilegiado. O traído morto, e o traidor enaltecido.
Mas em primeiro lugar: isso não acontece sempre, nem mesmo aqui na Terra, lugar
de pecado. Os bonzinhos perdem batalhas, mas muitas vezes vencem guerras. E no
meio de tanto mal ao redor, ainda existe muito bem no qual podemos nos escorar,
espelhar e regozijar.
Além
daquilo que de nenhuma forma é menos importante: a aprovação de Deus. Ainda que
o bonzinho Urias tenha sofrido as agruras de sua vida correta, e até seus
imitadores passem o mesmo, há um Deus que observa tudo isso. Uma coisa que
poucas pessoas percebem, é que Urias teve uma honraria de Deus na Bíblia que é
quase bizarra. Ele aparece na genealogia de Jesus em Mateus 1. Ter seu nome
associado a “origem” de Deus-Homem não é para qualquer um! E o ponto surreal da
questão é que ele está lá, basicamente, como se Mateus dissesse: “Davi foi pai
de Salomão, que era filho daquela mulher (lembra dela?) que um dia foi mulher
do bom Urias, até que o sem noção do Davi adulterou com ela e ainda mandou
matar o infeliz!”. Porque na verdade, Urias não era pra estar lá. Ele era o
“ex-marido da viúva que mais tarde seria mãe de um filho de Davi”(!).
Ser
bonzinho não é para qualquer um. Porque muitas vezes isso vai significar perder
aqui para ganhar lá na frente. Sofrer aqui, para viver o compromisso de ser
correto. Não ter agora, para talvez nunca ter nessa vida. Mas ser bonzinho é
estar mais perto de Deus. Ser bonzinho é um privilégio divino. Ser bonzinho é
só para que pode!
Enfim, ponderem...
Não sou eu que defino o certo ou o
errado, mas gosto de fazer vocês pensarem sobre isso.
Foi um prazer escrever... aceito
críticas e elogios nos comentário. Principalmente elogios.
QUE DEUS ABENÇOE A CADA UM DE VOCÊS
QUE CHEGARAM ATÉ AQUI.
Volto em 15 dias, com mais um
Ilustre Desconhecido.
Ósculo Santo!